O texto de Terezinha Nunes Carraher, David Willian Carraher e Analúcia Dias Schliemann ''Na vida dez; Na escola, zero'' mostra que muitas crianças conseguem se virar com a matemática no dia a dia, porém são um ''fracasso'' na escola.
Deficiências variadas como nas funções psiconeurológicas, bases para a leitura e matemática, conceitos básicos, entre outras deficiências acontece muito com crianças de ambientes desfavorecidos, além disso elas possuem um grande sentimento de culpa e de vergonha. Os processos psicológicos desenvolvem-se com base na experiência principalmente de quando eramos mais novos, e essas crianças de ambientes desfavorecidos carecem de experiências cruciais.
Um fato que me chamou atenção nesse texto foi que as classes mais baixas não dão muito valor a educação e não se permitem pagar caro no ensino dos filhos, já que eles tem necessidade de empregá-los o quanto antes para contribuir para o sustento da casa. E, por isso, eles valorizam muito mais o trabalho, Também foi apontado que o sistema de educação contribui para o baixo acesso da classe baixa a uma educação formal. Assim, escola particular é prestígio para classe média, e os colégios da rede pública para as classes inferiores.
O uso da matemática está presente no cotidiano das crianças de classes desfavorecidas, já que é comum que os membros da família tenham um negócio em feiras, por exemplo, que é preciso utilizar da matemática pra calcular o preço do produto a ser vendido e o troco. Então, essas crianças já tem um convívio diário com a matemática. Foi feito um teste entre essas crianças de 9 a 15 anos onde foram respondidas 63 questões de matemática em um teste informal e 99 no teste formal.
O teste informal foi feito no contexto que as crianças costumam fazer os cálculos diários, em feiras, barracas de coco e até carrinhos de pipoca. O entrevistador fazia perguntas como ''quanto custa se eu comprar tantos cocos?'' ''quando deu no total?'' ''qual vai ser o troco?''
Já no teste formal, os problemas a ser resolvido pelas crianças tinha duas etapas: ''sob a forma de operações aritméticas a serem resolvidas sem qualquer contexto a partir de uma representação no papel'' e ''sob a forma de problemas do tipo escolar, como: Maria comprou... bananas, cada banana custava..., quanto dinheiro ela gastou?''.
No resultado do teste foi visto que as crianças acertavam em torno de 98,2% das perguntas no teste informal, e no teste formal 36,8% das operações e 73,7% dos problemas. Elas acertavam mais os problemas do teste formal do que as operações que tinham que ser feita com lápis e papel, porque é mais semelhante ao que elas fazem diariamente como foi feito no teste informal. As crianças conseguiam fazer os cálculos na mente, mas na hora de escrever no papel, ficava mais difícil. Por que será que isso acontece? Talvez, as escolas deveriam priorizar o ensino de acordo com a capacidade do aluno e investir mais no método que eles aprendem mais facilmente. Porque se da o mesmo resultado, qual o problema de eles fazerem a conta na mente em vez de escrever o cálculo no papel? Essas crianças precisam de mais motivação, só assim vão deixar de largar a escola e achar que são incapazes.
É preciso reparar também no jeito de perguntar, porque dependendo do jeito que se faz a mesma pergunta pode obter resultados diferentes na resposta. Como conclusão, percebemos que a escola muitas vezes ensina só como multiplicar, somar, dividir ou subtrair, ou seja, em procedimentos ''formais'' e os métodos utilizados pelas crianças não são aproveitados pela escola. As crianças devem ser ensinadas a pensar na escola e não apenas a resolver cálculos automaticamente. Então, por isso, o fracasso escolar aparece como um fracasso da escola, porque esta não estimula o aluno a usar a capacidade que ele tem no dia a dia, e sim um método deles, e por não fazer uma ponte entre o conhecimento formal e o informal.


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