sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Assistência de enfermagem a pacientes com desordem bipolar e sentimentos da estudante de enfermagem

        Bom, hoje eu falarei sobre um relato de uma experiência de uma aluna de graduação em que acompanhou uma paciente com Psicose Maníaco Depressiva (PMD). Ela ajuda o paciente nas duas fases (maníaca e depressiva) e comenta os comportamentos e o que fez para controlar os efeitos dessas fases, além de comentar o seu próprio sentimento durante a interação com a paciente.
        Essa doença tem dois estágios, a fase maníaca faz a paciente ficar muito eufórica e com ideias e planos grandiosos, passa por insônia, não quer ter limites e até pode ter alucinações. Já a fase depressiva, o paciente não vê mais razão do porquê está vivo, se sente inútil e perde o prazer de qualquer tipo de atividade, pensa até em suícidio.
       A aluna de enfermagem teve como paciente R. L., do sexo feminino com 61 anos que foi internada pelo genro, porque estava apresentando sintomas da doença psicose maníaco depressiva, como o fato dela andar em grandes rodovias e batia nas janelas que encontrava no caminho. (estava na fase maníaca).
     O primeiro contato da aluna com a paciente foi num estágio depressivo em que a paciente tinha um olhar triste, não tinha ânimo para nada, se movimentava com passos pesados e lentos como se estivesse se rastejando, não queria saber de conversa nem nada. Além de responder tudo monossilabicamente, a paciente falava muito baixo, e isso dificultava a interação enfermeiro-paciente que é muito importante que o paciente tenha total confiança para se abrir e expressar os sentimentos. No começo, a aluna sentiu muita dificuldade de lidar com R. L., e até a depressão estava atingindo-a, ela teve um momento que achava que não ia conseguir mais cuidar e tratar de R. L., porque não via progresso, já que a paciente vivia cabisbaixa e sem vontade para absolutamente nada.
       Porém, a aluna de enfermagem começou a perceber meios para lidar com esse estágio depressivo da sua paciente, como por exemplo dar o espaço necessário para ela, fazendo silêncio quando percebia que a paciente não queria mais conversar sobre o assunto. Outro método utilizado foi dar apoio em momentos que a paciente se sentia inútil, como se não prestasse mais para nada, dando a ela palavras que a  incentivasse, que melhorasse a auto-estima. Além de chamá-la pelo nome, a aluna também tentava fazer com que a paciente expressasse melhor os seus sentimentos, sempre compreendendo seus direitos. Foi preciso também mostrar interesse e disposição para ajudar a paciente, até para conseguir a confiança dela. Quando o que a paciente falava não ficava claro, a aluna tentava fazer perguntas que ajudassem na clarificação, para que a paciente explicasse melhor, e quando R. demorava muito para continuar o assunto, a aluna usou a estratégia de repetir as últimas palavras ditas por ela para estimulá-la a continuar a conversa.
      Após 3 sessões, a paciente mudou o estágio de depressivo para maníaco. Nessa fase, ela ficou muito falante, alegre, fazia discursos incoerentes e tinha ideias e planos como ir ao banco para pegar seu dinheiro (ela repetia isso muitas vezes). Quando a aluna viu que o estágio havia sido mudado, bateu uma desmotivação, porque quando finalmente ela estava conseguindo lidar com o outro estágio, teria que ''começar'' do zero para agora conseguir tratar do estágio maníaco. A paciente também tinha desejo de fuga, porque como estava muito alegre pensava que estava bem.
     Então, para lidar com o estágio maníaco, a aluna estimulava a paciente a falar algo em ordem, porque na verdade, a paciente falava muita coisa sem nexo. Então, a aluna ajudava-a a organizar as suas frases, ouvia reflexivamente tudo que ela falava. Era preciso impor limites e dizer ''não'' em momentos como quando a paciente queria fugir. Essa fase a aluna achou mais fácil de lidar, porque a paciente expressava melhor os seus sentimentos e assim era mais fácil analisar como deveria agir,
     O bom desse texto é que além dos sentimentos da paciente, é relatado as dificuldades e como a aluna se sentia nesse processo de interação, porque não é fácil para o profissional agir de modo que essa situação não o afetasse também. Além disso, a aluna foi uma ótima observadora em analisar todos os passos da paciente para identificar como ela estava se sentindo e como deveria fazer pra ajudá-la.
   

      Você concorda com os métodos utilizados pela aluna para lidar com os problemas? Acha que o estágio do paciente pode influenciar o modo de agir do profissional que está cuidando? (Como foi o caso da aluna ao se sentir mais desanimada quando sua paciente estava no estágio de deperessão).

Bibliografia: Martins, L.M.M. (1999) Assistência de enfermagem a pacientes com desordem bipolar e sentimentos da estudante de enfermagem: estudo de caso. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 33, 421-427

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