Bom, hoje eu falarei sobre um relato de uma experiência de uma aluna de graduação em que acompanhou uma paciente com Psicose Maníaco Depressiva (PMD). Ela ajuda o paciente nas duas fases (maníaca e depressiva) e comenta os comportamentos e o que fez para controlar os efeitos dessas fases, além de comentar o seu próprio sentimento durante a interação com a paciente.
Essa doença tem dois estágios, a fase maníaca faz a paciente ficar muito eufórica e com ideias e planos grandiosos, passa por insônia, não quer ter limites e até pode ter alucinações. Já a fase depressiva, o paciente não vê mais razão do porquê está vivo, se sente inútil e perde o prazer de qualquer tipo de atividade, pensa até em suícidio.
A aluna de enfermagem teve como paciente R. L., do sexo feminino com 61 anos que foi internada pelo genro, porque estava apresentando sintomas da doença psicose maníaco depressiva, como o fato dela andar em grandes rodovias e batia nas janelas que encontrava no caminho. (estava na fase maníaca).
O primeiro contato da aluna com a paciente foi num estágio depressivo em que a paciente tinha um olhar triste, não tinha ânimo para nada, se movimentava com passos pesados e lentos como se estivesse se rastejando, não queria saber de conversa nem nada. Além de responder tudo monossilabicamente, a paciente falava muito baixo, e isso dificultava a interação enfermeiro-paciente que é muito importante que o paciente tenha total confiança para se abrir e expressar os sentimentos. No começo, a aluna sentiu muita dificuldade de lidar com R. L., e até a depressão estava atingindo-a, ela teve um momento que achava que não ia conseguir mais cuidar e tratar de R. L., porque não via progresso, já que a paciente vivia cabisbaixa e sem vontade para absolutamente nada.
Porém, a aluna de enfermagem começou a perceber meios para lidar com esse estágio depressivo da sua paciente, como por exemplo dar o espaço necessário para ela, fazendo silêncio quando percebia que a paciente não queria mais conversar sobre o assunto. Outro método utilizado foi dar apoio em momentos que a paciente se sentia inútil, como se não prestasse mais para nada, dando a ela palavras que a incentivasse, que melhorasse a auto-estima. Além de chamá-la pelo nome, a aluna também tentava fazer com que a paciente expressasse melhor os seus sentimentos, sempre compreendendo seus direitos. Foi preciso também mostrar interesse e disposição para ajudar a paciente, até para conseguir a confiança dela. Quando o que a paciente falava não ficava claro, a aluna tentava fazer perguntas que ajudassem na clarificação, para que a paciente explicasse melhor, e quando R. demorava muito para continuar o assunto, a aluna usou a estratégia de repetir as últimas palavras ditas por ela para estimulá-la a continuar a conversa.
Após 3 sessões, a paciente mudou o estágio de depressivo para maníaco. Nessa fase, ela ficou muito falante, alegre, fazia discursos incoerentes e tinha ideias e planos como ir ao banco para pegar seu dinheiro (ela repetia isso muitas vezes). Quando a aluna viu que o estágio havia sido mudado, bateu uma desmotivação, porque quando finalmente ela estava conseguindo lidar com o outro estágio, teria que ''começar'' do zero para agora conseguir tratar do estágio maníaco. A paciente também tinha desejo de fuga, porque como estava muito alegre pensava que estava bem.
Então, para lidar com o estágio maníaco, a aluna estimulava a paciente a falar algo em ordem, porque na verdade, a paciente falava muita coisa sem nexo. Então, a aluna ajudava-a a organizar as suas frases, ouvia reflexivamente tudo que ela falava. Era preciso impor limites e dizer ''não'' em momentos como quando a paciente queria fugir. Essa fase a aluna achou mais fácil de lidar, porque a paciente expressava melhor os seus sentimentos e assim era mais fácil analisar como deveria agir,
O bom desse texto é que além dos sentimentos da paciente, é relatado as dificuldades e como a aluna se sentia nesse processo de interação, porque não é fácil para o profissional agir de modo que essa situação não o afetasse também. Além disso, a aluna foi uma ótima observadora em analisar todos os passos da paciente para identificar como ela estava se sentindo e como deveria fazer pra ajudá-la.
Você concorda com os métodos utilizados pela aluna para lidar com os problemas? Acha que o estágio do paciente pode influenciar o modo de agir do profissional que está cuidando? (Como foi o caso da aluna ao se sentir mais desanimada quando sua paciente estava no estágio de deperessão).
Bibliografia: Martins, L.M.M. (1999) Assistência de enfermagem a pacientes com desordem bipolar e sentimentos da estudante de enfermagem: estudo de caso. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 33, 421-427